quarta-feira, janeiro 18, 2006

Em olhos de gato

"Não me matem,
sem ter reconhecimento...
nem me sufoquem
nas garras do esquecimento!
Posso ainda pedir
pra que me conduzam?
Só lhes peço, amigos meus,
não me traduzam!"

domingo, janeiro 15, 2006

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Liberdade de expressão

"_______Ainda não sei bem onde termina a necessidade do homem de se expressar e onde começa a rebeldia inata de ir contra a maré. Sim, pra mim é clara a importância da arte, seja como literatura, música, escultura ou qualquer outra, como um reduto onde o homem pode ser sem racionalizar, ser fluindo. Para os não tão aventureiros (mas nem por isso menos ávidos), há o biombo do pseudônimo, do anonimato, e sendo assim o tal refugo fica ao alcance de todos que assim o quiserem. Dom, isso existe? E quem pode dividir o bom e o ruim, separar o cult do cafona, estabelecer parâmetros de qualidade, inaugurar um INMETRO artístico?Vamos esquecer, aqui, o ponto final, e dar lugar às reticências...
_______Ouve-se muito – e discute-se pouco – sobre censura. Sim, já se foi a ditadura...mas não é o “piiiiiii” da TV, as tarjas, e os vetos publicitários uma continuidade dessa barreira? A censura já não é escancarada, mas existe sim; ela agora é interna, pessoal. Pensamental, se me permitem o neologismo.
_______Atire o primeiro vinil dos Menudos quem não tem uma bermuda furada, uma camisa rasgada ou uma saia bem breguinha que adora e só usa em casa. E quando toca a campainha então? Correria direto pro guarda-roupa, arrancar a peça. O medo de ser julgado e a facilidade que temos em rotular esmaga a individualidade de quem não tem peito suficiente pra encarar olhares tortos e lançar um sonoro “que é?!”. E, nessa ânsia pelo diferente, tudo vira padrão: o tênis, o filme, a tinta do cabelo...fiquei sabendo, a última agora é ser cult. E cult é aquele que gosta do que a maioria não gosta (ou pelo menos finge que), e vive bem sendo assim, esquisito. Odiar a VEJA, sem nem saber porquê, é cult. Admirar o Che sem nem saber sua nacionalidade, é cult. Havaianas? Cult! Até gostar de sertanejo virou cult, e o que destoava ficou comum...dá até vergonha de dizer que é cult, ou gosta de filmes cult, soa superficial. E quer saber? Tire sua bermuda florida do armário, sua camiseta com foto do sobrinho estampada, bote o CD do Wando pra tocar e seja feliz, que eu não gosto mesmo da VEJA, pinto o cabelo de cereja, adoro o Che, lavo a casa de havaianas lilás com Marisa Monte ou Chico no último volume sim. O que falta mesmo, é a “liberdade pra dentro da cabeça”..."

domingo, janeiro 08, 2006

Soneto sem separação

"Como posso investir e sonhar alto
Se contigo vivo sempre a me provar?
E em prova, como vou chegar de um salto
Sem quebrar-me a cada vez que me deixar?

Não existe, entre amores, maior prova
Que o estar e o conviver em ritmia
Tanto quanto não existe vida nova
Se da velha resta toda a euforia

Vem comigo, não te juro eternidade
Mas no nosso infinito eu paro o tempo
Dá-me a mão e vamos juntos sem vaidade

Nos deixemos ser levados pelo vento
Até não se verem luzes na cidade
E embalarmos, corpo a corpo, em sono lento..."

sábado, janeiro 07, 2006

Trem de ferro

Pro meu avô...maquinista Ary Pereira
baixinha
"Puxa a linha, maquinista!
Não deixa de seguir viagem
se essa linha é rica em desvio,
se de monte e de vale é lotada,
é porque, como tela em vazio,
segue a vida e brinda tua chegada.

E se um vale, d'algum desses frios
ou nuvem, dessas carregadas,
te cobrir - deixa ser - logo vem
monte em flores pra rir tua andada
e não deixa de ir sempre além
porque agora é outra tua estrada
e essa vida que agora te espera
bem melhor que esse mundo de cães
também deve ser rica de ferro
e de linhas, de lírios e pão

Eu aposto que bem na entrada
tem laranja, mimosa e mamão
tem farinha, tem mil onze-horas
e cem pés de azedinho no chão..

Tá no fim, não desiste agora
que esse trem já não tem mais carvão
não tem carga, não tem passageiros
mas o apito ainda puxa-se à mão!
Sobe o morro, devagar, já vem chegando
lá vem vindo, pra te receber
muita gente querendo chegar
mas na frente, eu vejo alguém -
tão bonita, a vó do crochê...

Sei que cansa, mas corre, vai na frente!

Puxa a linha, maquinista..."

domingo, janeiro 01, 2006

Como o tempo é tema eterno

"Tudo dura o (in)exato
de um segundo
1 instante pra nascer ou ser deixado
um só passo do ponteiro é o momento
e o universo inteiro vive em
1000 agoras.
Sendo ave o nosso dia de outrora,
voa mansa a vida inteira num minuto."