segunda-feira, outubro 28, 2013

...e ele morreu calado. Recolheu a vida que escorria líquida pelos braços, juntou os pedaços e foi, e tudo que parecia grande perdeu importância.
...sabia tanto e não sabia nada, quanto mais sabia mais realizava que na verdade não sabia mesmo de nada. Tomou um banho e uma breja pra pensar melhor, e porquê segunda-feira. Fazia dois dias, e não parava de pensar naquela festa na quatro-zero-cinco, ainda surpresa ao revisitar a volta pra casa as quatro, tentando entender aquela noite estranha que estava no fim das contas como que destinada a acontecer, que ela previu pois já sabia que começava a trocar os pés pelas mãos, o comportamento off, as mãos inquietas, o silêncio pesado de peito cheio de quem separa os lábios pra quase falar uma cascata interminável, um novelo infinito, mas desiste - um pé na montanha e outro no ar, no abismo, o vento gelado nas costelas abertas pelo suspiro fundo do desejo de dizer a verdade, de desvestir...voltava pra casa com o ar preso na garganta e soluçava, mas mais que isso, era o corpo inteiro que com a tensão do frio, dos ossos, dos dentes, sobbed and sobbed and sobbed and sobbed...