segunda-feira, abril 09, 2012

Ah, amor...
Ah, coração...
Ah, alma que se perde em meio a tanto encanto,
a tanto ar de respirar;
se perde nos cachos, nos olhos narradores,
no riso mudo.
Qual a história da estória,
qual o homem atrás do conto, atrás da camisa?
De onde veio, quais os rios atravessados,
quantos foram os amores não devolvidos?
Com o que sonha quando acorda e quando dorme?

E assim, mais uma vez, e uma vez mais além da outra,
pergunto-me sobre a farinha do ser
(tal qual repetia aquele chileno)
e desejo a mesma casa em Valparaiso,
a mesma brisa e o mesmo ar salgado
que me entregue os sons do mundo embalados em concha,
baião de ninar.
E canto o desejo de que haja paz pra se pensar por quanto tempo se queira
sobre as minúcias minuciosas,
os pormenores particulares do damasco, do lírio, dos átomos e dos olhos,
sobre amores e viagens no tempo,
sobre sonhos.
Sobre conversas, sobre beijos,
sobre tudo que há para ser pensado.