segunda-feira, dezembro 26, 2005

Vi dois postes bêbados

"Hoje vi dois postes. Minto!
Hoje vi dois postes, bêbados.
Tortos, pendiam para os lados
se apoiando um no outro,
num equilíbrio dinamicamente perfeito,
própria questão pra físico estudar.
Fiquei pensando no ontem dos postes...
que tinham feito?
Decerto pensaram: "amigo,
dias e anos de poste, parados,
perdidos concretos no espaço.
Vamos beber, brindar,
deixar penderem os fios
e celebrar a noite, nossa!"
E beberam.
E brindaram.
E deixaram que os fios se pendessem,
que os ângulos retos perdessem,
e que o mundo entortasse.
Saí, ainda pensando nos postes.
Quem eram, enfim, os bêbados?"

terça-feira, dezembro 20, 2005

Explosões não são medidas por grafias!

"Explosões não são medidas por grafias!
São tonéis de fantasia
surreal, descomedida!,
com pitadas de demência..

Poesia não se faz com nada extremo,
pois são só nos meios-termos
que se encontra espaço, tempo
e palavras descritivas.

Na euforia, quem busca fotografar
invés de querer guardar
aproveitando cada instante?

Já que o medo do final sempre persiste
e a certeza inexiste
de que irá, sim, retornar."

segunda-feira, dezembro 12, 2005

sexta-feira, dezembro 02, 2005

E agora?

"Como agrada
ler, em pauta,
nota alta que destoa
tanto quanto
bravo espanto
do meu canto que ressoa.

Melhor ou pior que algo
como "puxa,
gostei, e nem tenho palav
ras pra sentir em mim o
abraço dessa sua opinião"?

Nem tal, nem qual:
- Igual."

Re-torno

"Poesia é água dura e pedra viva,
canta, dorme, ri, respira,
só se mostra ao marejar.

Ao sumir, em meu reduto fiz franquias
do carnaval sem folias
que insisto em prolongar.

E então, por quê voltei e fiz agito
se não fosse por um grito
que ousou me despertar?

Sacudiu-me inundação de pensamento
e de flor de firmamento
me impedindo logicar..."