quarta-feira, janeiro 07, 2009

E eu penso que todos os poetas são poetas dos olhos. Alguns, são poetas fotográficos, e há, de certo, poetas para todos (e de todos) os sentidos. O poeta do gosto, que delira com um morango ou framboesa; o poeta do cheiro, provavelmente com um pezinho no passado - um vestido (guardado), um cabelo, um bolo de laranja feito pela vó.
O poeta do som talvez possa ser o músico, mas não: ainda é o poeta do som, da sinfonia dos passos cruzando a calçada, da babel de um metrô parisiense, londrino, paulistano...
Pobre daquele que é poeta da pele. As prateleiras da botica do tato são de certo as mais vazias, as de menos e mais exóticas palavras. Penso no poeta da pele como um homem enlouquecido, com tanto pra dizer em uma tarefa quase impossível: sinapses, sinapses, sinapses. Depois de muito, ele atira o chapéu ao chão, toma um café e se cala, pensando que talvez, melhor ser pintor.
Dos dedos, narinas, da língua, ouvidos: todos os poetas são poetas dos olhos.

2 comentários:

Anônimo disse...

Puxa coincidencia eu passar aqui e você ter publicado algo novo justamente hoje :D

Achei muito interessante o texto.
Até porque me veio a cabeça muitas coisas que não tem a ver com o texto.

A principio, quando você diz do poeta do gosto e logo após o poeta do cheiro, me veio a cabeça um possivel comercial do Johnnie Walker \o/

Claro que não dava para por todos os tipos de poetas, mas acho legal lembrar dos poetas do passado ( os que sempre relembram as coisas ), os poetas do futuro ( que esperam por algo ) e os poetas da imaginação ( que podem criar seus personagens e histórias e se divertir com algo que nunca aconteceu ).

Assim que lí:
"Depois de muito, ele atira o chapéu ao chão, toma um café"
Lembrei do professor Girafales :D
hahah

acho que hoje não estou muito concentrado. :D

Melhor eu ler o texto novamente amanhã.
Beijos

Unknown disse...

lindo.. um beijo