segunda-feira, dezembro 26, 2005

Vi dois postes bêbados

"Hoje vi dois postes. Minto!
Hoje vi dois postes, bêbados.
Tortos, pendiam para os lados
se apoiando um no outro,
num equilíbrio dinamicamente perfeito,
própria questão pra físico estudar.
Fiquei pensando no ontem dos postes...
que tinham feito?
Decerto pensaram: "amigo,
dias e anos de poste, parados,
perdidos concretos no espaço.
Vamos beber, brindar,
deixar penderem os fios
e celebrar a noite, nossa!"
E beberam.
E brindaram.
E deixaram que os fios se pendessem,
que os ângulos retos perdessem,
e que o mundo entortasse.
Saí, ainda pensando nos postes.
Quem eram, enfim, os bêbados?"

terça-feira, dezembro 20, 2005

Explosões não são medidas por grafias!

"Explosões não são medidas por grafias!
São tonéis de fantasia
surreal, descomedida!,
com pitadas de demência..

Poesia não se faz com nada extremo,
pois são só nos meios-termos
que se encontra espaço, tempo
e palavras descritivas.

Na euforia, quem busca fotografar
invés de querer guardar
aproveitando cada instante?

Já que o medo do final sempre persiste
e a certeza inexiste
de que irá, sim, retornar."

segunda-feira, dezembro 12, 2005

sexta-feira, dezembro 02, 2005

E agora?

"Como agrada
ler, em pauta,
nota alta que destoa
tanto quanto
bravo espanto
do meu canto que ressoa.

Melhor ou pior que algo
como "puxa,
gostei, e nem tenho palav
ras pra sentir em mim o
abraço dessa sua opinião"?

Nem tal, nem qual:
- Igual."

Re-torno

"Poesia é água dura e pedra viva,
canta, dorme, ri, respira,
só se mostra ao marejar.

Ao sumir, em meu reduto fiz franquias
do carnaval sem folias
que insisto em prolongar.

E então, por quê voltei e fiz agito
se não fosse por um grito
que ousou me despertar?

Sacudiu-me inundação de pensamento
e de flor de firmamento
me impedindo logicar..."

domingo, novembro 06, 2005

bom dia...

Pessoas, tive que tirar o conto (que já está terminado=D) do blog, pq vou participar de um concurso onde não pode haver publicação do trabalho nem pela net...então, depois coloco aqui pra vcs lerem...se alguém quiser, me pede por e-mail que eu envio, mande pra rubbia@gmail.com ok?
Bjos pra todos, agradeço as visitas, cometários, críticas, elogios, saudades...

Rubia

sexta-feira, novembro 04, 2005

à Larrosa

"Não sou eu que forjo palavras;
elas é que me atropelam e lambem
deixando marcas que, humildemente,
transcrevo...
Como vejo e sinto o que nomeio?
Como realidade de sonho e
oceano de sinestesia,
onde me sinto e me vejo"

Pausa

"Carrego nas costas
dez e nove anos
e infinitos quilos
do mundo todo"

sábado, outubro 29, 2005

Cena Um - Gravando

"Mendiga, andarilha em teu caminho.

Se você quer
(e eu sei que quer)
Por quê não quer
dizer que quer
um bem-me-quer?

*CLICK*

Gostou? Pois eu detestei. O amor é mesmo ridículo."

Síntese

"Quero, de você,
longo prazo à prazo curto"

sexta-feira, outubro 28, 2005

4ª margem

"Cansei de brincar de viver
minha torre anda em diagonal
o cavalo em meu jogo, é o rei
tabuleiro de limão e sal
Eu sei que as horas caminham prum céu
de estrelas de rum com pesar
Via-láctea de sopro de mel
e um dos sóis esperando apontar

É duro renascer
fica melhor se o vento leva
É bom reviver
bem melhor se você me espera

Se uma opinião me abater
ou um gesto rude me atar
vou buscar nos meus braços te ter
peço um carinho teu pra aplacar
Nesse sonho bom que mesclei
com língua e pó de guaraná
não me espanto em ver que não mudei
quero mesmo, por fim, começar

É duro renacer
fica melhor se o vento leva
É bom reviver
bem melhor se você me espera"

Quadro Surrealista

"Explosão de vontade reprimida,
big bang de desejo acumulado,
canseira batida:
vento parou quando te beijei."

Ciranda do Maranhão

"Você gosta do meu verso
e gosta do meu andar
já eu, gosto do teu gesto
e mais ainda do gingar

Não quer dizer quase nada
e é pra eu me acostumar
a jogar com Ás de espada
e não precisar blefar

Sou trançadeira e bordadeira,
bem menina eu sou...

Sem eira ou beira, alfazemeira,
eu vou rodando, eu vou..."

Discurso sobre outro beijo

"Não foi quando eu pensava,
mas não reclamo:
o perigo mora
se atrás da porta
mora um pé cigano"

Discurso sobre um beijo

"Uma hora eu voltava
se no tempo eu mandasse,
te mandava de volta
e ia pra outra parte

TRRRRR!

Uma hora eu passava
se no tempo eu mandasse,
te trançava em corda
e ria em ares de arte"

sexta-feira, outubro 21, 2005

Coquetel de líquen

"Hoje o dia me acordou _______,
sendo ___ a manhã que inicia.
_____ me conquistou dançando
em um mol de goteiras na ___.

Respostas da semana anterior:

1- Ventania
2- Lá em casa
3- Teimosia
4- Fogo em brasa
5- ...!"

sábado, outubro 08, 2005

Samba de amor

"Meu amor é dia de domingo,
andorinha em verão
é meu ponto de entrada e saída,
meu dó da canção

Mas amor quando
acaba e termina
deixa um vazio frio
e esse amor tão
sem cor de encaminha
em carnaval sem trio

Mas a primeira brisa que anda
carrega o pesar
do amor que não foi verso em ciranda
nem santo de altar

Porque amor que é amor
não desvia,
não some ou desfaz
e esse amor
é a coisa mais limpa
quando vira paz"

Versinho lacinho

"Noite assim de pouco frio e muito vento,
tua mão em minha mão e em meu cabelo
eu, menina, não me achava no olhar:
-Moça, que doçura em pouco beijo!"

Luz, Saudade e Disritmia

"No meu dia mais comprido e mais Van Gogh,
um sopro chega e a água respira,
o mar vira plástico e o sol refugia
e o céu baila em valsas sabor pão-de-ló

Fui dançada na paisagem de Monet,
pra saber logo então que meu chão é mais vivo
pra ouvir qualquer flor me cantar em assobio
e uma pedra achada no chão reviver

todo dia vou morar nessas pinturas
onde o tempo não hesita em demorar
vou achar beleza em cada cinza-rua

Me encontrei na personalidade Brisa
e desatei o nó do mapa do tesouro
minha vida está no lado C da fita."

domingo, setembro 11, 2005

Pé cigano

"Essa é minha história;
meu itinerário fraco,
e meu paradeiro.

Não te agrada?

Então te enrola numa fita,
volta atrás, sem despedida
e não retorna até tardar.
(não quero que me veja chorando)

Cariño

"Agora que eu estou
assim, transcendental,
espero que me entenda
e que sem demora venha
se juntar ao meu real"

sábado, agosto 13, 2005

Cordel Baixobiográfico

"Se aproxegue meu amigo
que eu agora vô contá
como é que é o destino
de quem vive sem amá

De manhã vô levantano
por não tê pra quem cantá
passo o dia se arrastano
veno as hora rastejá

As perna tá sempre firme
nunca treme de emoção
sem sabê pra quê que vive
só vazio é o coração

O peito nunca se aperta
nem tem jeito pra chorá
sem estribo e coisa certa
nem beijo pra relembrá

Mas cê sabe que se um dia
uma moça me avistá
tomo banho de água fria
sem sabê como lidá

Vô pensá que tô doente
e procuro um dotô
que resorva o acidente
que causô o tal de amô"

sexta-feira, agosto 12, 2005

Poema mais que torto

"Não é que o anel de vidro
realmente se quebrou?
Não pensei que fosse o dito
popular e tão sem cor

Agora na minha ciranda sou rei
virei fada da minha morada
sereia do homem que espero
turista das canções que não escrevo

Esse meu maracatu então morreu
Garantido não sobrou, quiçá Capricho!
Sapateia assim em mim, nessa mulher
que qual água desemboca em teus dendritos"

sábado, julho 30, 2005

Pílula Firula

"Tão bom jogar tudo pro alto
e descobrir, tão prontamente
que a raiva não passou
de uma puta TPM"

sexta-feira, julho 29, 2005

Só mais um apartamento

"Devolva o que eu fiz pra te querer
e vá embora pela porta da frente,
enquanto pulo a janela dos fundos

Devolva,
devolva, de volta,
mesa posta

Agora que o amor passou pra ontem,
não falamos mais de mares e de rosas;
já não há espaço pra poder te rir

Devolva,
devolva, de volta,
mesa posta"

Hoje não é dia de poesia

"Hoje não é dia pra poesia,
pra rimar e encarceirar dias ou fatos.

Hoje é dia de suco de laranja,
roda em ciranda e
nova peça de teatro.

Dia de todas as santas,
das Marias e Doras,
das Lúcias e Marianas.

Hoje é dia pra se ouvir assobio,
dia de correr descalço
atrás do encalço partido.

Hoje não é dia pra poesia."

sábado, julho 16, 2005

Soneto do amor de hoje

"Hoje eu te acordei pra ver se ainda era verdade
Que o dia amanheceu depois do mundo e da cidade
Dormi com folhas rubras de um outono aqui tão perto
E ao levantar, notei que o meu real era desperto

Pra quê ter que ocultar que a felicidade dura,
Mentir que já não creio em alegria simples, pura?
Não vejo sentimento mais singelo que esse nosso
Tampouco me falseio pra fingir que nada posso

Que acha de tornar o agora neve?
A hora de ir embora já chegou
Partamos, deixando que o vento leve.

Bobagens me sufocam, como vou
Levar adiante assim como se deve?
Amor sincero tem que estar em vôo."

quarta-feira, julho 13, 2005

Português novo

"só idéias desconexas
e vinho barato.
Como adoro me mentir que não te amo."

Top 10

"two steps closer
do lado de dentro do slide"

pra que titular só uma idéia?

"êêêÊÊÊ tensão...
amanhã passa."

Flash!

"Um gato que passa,
um casal que vai na boca,
o verde ali parado,
o céu de ontem,
o cigarro queimando,
os carros e seus faróis,
e eu aqui jogando mais idéias fora.
outra noite comum."

Zoom sem foco nem copo

"Sobe na mesa
e tudo muda de figura
experimenta a falsa loucura
de um cigarro!
Ainda pairo no trigo,
mas meu ramo agora é seringueira."

Trecho em proza(c)

"Olha lá o babaca do Marlboro!
Passa e não diz oi, estúpido,
e deixa que eu te descrevo bem melhor."

Furtivamente, mensagem de espera

"Odeio as coisas assim completas
e os pingos nos is
quando não posso pingar com caramelo
e quando as rimas saem do closet."

Bandeira

"Quebra logo esse vaso estúpido de vidro,
não vai manter o que não te agrada!
Essa é a minha rebeldia:
frases comidas."

Seresto

"Olha o lixo ali embaixo
te acenando.
Que nada!
ele morreu ELE MORREU!!
quanta palavra prostituta."

domingo, julho 03, 2005

Embrulhado com cetim

"Como
luze na
umidade o
xeque-mate que
não vive.
exultante por
idéia,

salta a
aurora em
léu
trambique?
imagina como
muda o
be-a-bá da
anistia;
não vê nexo em
colorir sem giz-de-cera
o que queria.

me perdoa,
encanto vivo, por
não desejar
estilo;
sente assim como
te vejo, como
rio com teu brilho.
eu te vejo a
levitar toda a alegria...

Fotografia

"Sorriso iminente esperando por sair,
saia curta de babados costurada pela avó,
inocência resgatada assim tão fácil,
ou, tão somente,
menininha na praça com balão."

Continua no próximo capítulo

"Olha por essa fechadura,
espia o campo que te espera
em primavera.
Cuida pra que os lírios não floresçam."

Concisa assim.

"Eu e pronto. Eu e ponto.
Cansei de agradar quem não pensa
em ser melhor só por viver."

Telefone

"É o cúmulo,
ter que chorar por voltar
de tão feliz.
Pior nunca ir."

Quando a nostalgia era a realidade

"Quando o próximo minuto passar,
quero estar de volta na rua mamanguape,
e voltar a correr sem querer voltar pra casa.

Ah se cruzo, nesse meio tempo,
com o maldito senhor dos dias.
O amordaço, e pedirei mil explicações!

Porque me levou pra longe de tudo
que eu pensava que tinha?"

Já tão nunca

"Eu de brisa,
antes fosse papel
pra me amassar."

domingo, junho 26, 2005

Instantismo

"Agora a goteira é só cinza
do fogo que sobra, é só tinta
com cheiro de fruta sem vida
com jeito de tão revolvida"

sexta-feira, junho 24, 2005

Hoje eu quis chorar

"Hoje eu quis chorar
por todas as crianças já adultas
por todos os adultos já idosos
e todo o tempo não aproveitado...

por toda a imperfeição de ser amado
e toda exatidão dos meus quereres
por todo e qualquer laço renegado

me ensina então, meu mal,
a ser mais bem
pra aproveitar as voltas dessa via
e ser o sinaleiro de parada
das gerações corridas por tão nada

e me alivia o peso de tão pouco
se assim for mais inútil ser tão claro
e o dia for marcado como ouviste"

sexta-feira, junho 17, 2005

Segunda metade

"Agora que é tudo tão corrido,
e que me encontro sem.i.-(m)portante
agora que não moro no meu livro
agora que nem vivo em minha cama?

Me traz pó de flipim pra eu assoprar
ou susto pronto pra eu não assombrar
pontua em semi-breve o meu altar"

Primeira metade

"Deixei em casa todo o meu rascunho
e aqui me achei sem nada pra dizer
cansei de repetir as mesmas coisas!
Cansei de reclamar e malfazer

Me dá um dia teu pra variar
me dá um tempo teu pra eu variar
me dá uma noite pra eu me vadiar"

É isso. É só.

"Me voa num balão?"

Uma pausa

"Esse passo só me traz vergonha
por não dar mais do que posso.
Nunca serei presidente?"

sábado, junho 04, 2005

Sinal de fumaça

"Não tenho paciência pra esperar
pela boa vontade da vida
que tal me ajudar no "pra ontem"?
Te pago em mil prestações de colcheias"

Um ode sem dê

"Fico cada vez mais fã da poesia
que me mata de sem ar
Susto?
Daqueles de trás da porta."

Num momento de recordação

"Quero viver nesse mundo de maio
onde o tempo arrasta em círculos concêntricos
e querer assim me aproximar de raio
que me arraste e aos meus vinte eus idênticos

Ou então chegar no tempo de setembro
pra correr do hemisfério regredido
e botar pra funcionar, se bem me lembro,
teorias de ser nada comedido

Quão versátil pode ser um dia ou noite
pra caber num livro curto mais idéias
me admira poder ter talvez mais monte

E ainda descobrir em fotos velhas
reticências incompletas lá ao longe
pra morrer nesse instante de donzelas"

sexta-feira, maio 27, 2005

Uma influência metafísica

"Tudo que existe consiste
no básico aspecto de sentir
e nesse aspecto encontrado de se ser
de se ir, e então de se voltar
E então tudo assim sendo sem amarras
de deixar levar o rumo cada ego
e mudar de trilha sempre e não ter mapa
pra ser só nessa imensidão de nada."

T/S-10/C

"É hora. Podem trazer,
quero conhecer Deus.
Porquê não agora?
Já sei. Mentiram pra mim né?
...
Shame on you"

iRon1A

"Ha Ha Ha!
Não, não foi uma piada,
e sim meu beijo que morreu
em uma rua numerada."

quinta-feira, maio 26, 2005

Não é bem o que eu queria

"Basta uma linha a se seguir
com ramos bastante pra se poder vagar
com folhas bastantes pra se poder pular
e com flores que deixem meu verão passar.

Com tanta beleza,
só me resta
suicidar."

Insípido

"Dia triste o de hoje em que descobri
que só vivemos pra angariar lembranças,
e se alimentar dessas lembranças em dia de não.

Baú cheio, e daí?
Simples demais, e tudo perde a graça."

sexta-feira, maio 20, 2005

Lição em intervalo de vulcão

"Vou me tatuar com tinta de caneta,
e pintar no antebraço uma figura
e criar um novo código à altura
e manipular nas mãos cada ranhura.

E mostrar nos dedos quinze fotos tuas,
e rasgar toda evidência dessas ruas
e implorar que não atire às línguas nuas
flechas pardas de compasso de corneta.

E arrombar essa maldita maçaneta
e clamar pros meus desejos que não cessem
e julgar quaisquer dos ares que padecem
e deixar aos que quiserem que arremessem

E justificar o sim que não foi dito
e lembrar que é tudo parte de um só mito
e tentar jogar mais lírio nesse rito
Pra tornar mais espanhola essa roleta."

O que ficou

"Vai,
anda,
inda bamba...

Ha-i (de) Kai(r)

"Sem horas,
as senhoras
passam cem horas"

Depois de um sono num banco

"Coisa estranha essa mania que nós temos
de querer tornar complexo o que é simples
e tentar mitificar o que é tão claro
e de arrepender por tudo que não vimos

Em calar pra que voltar, se no momento
em que a chance se apresenta você foge?
E onde é que há pecado em querer tudo
e, na hora, de temer loucura nova?

Curto assim já basta pra falar com calma
quando ainda mais mil milhas faltariam
e também ficam faltando mais cem dias
pra poder saborear o que te toma"

Suspiro

"Dias que foram e que se foram
e levaram tudo que eu tinha de puro
O pinguim e a musiquinha de cantar,
a maleta com a casa pra montar,
o sossego de querer só pular muro...

Não me vejo muito além mesmo sabendo
que da linha mal andei primeiro quarto
E cansei de tentar sempre ir além,
e não quero mais fingir que quero bem
meu destino do qual já me sinto farto..."

sábado, maio 07, 2005

Regret

"Já é noite, e o meu dia já passou
e na noite tudo fica mais escuro
mas é nessa mesma noite que restou
que se pode ver estrela em céu de furo

Se a mudança aparece já num dia
que dirá depois de horas de assossego?
meu desejo agora cai como água fria
em teu rosto, e te desperta desse apego

Assim sendo, não aquieto e te perturbo
pra que ande mais pra frente em menos tempo
e te grito, e te tomo como surdo
já sabendo que você se faz de lento

Mas é essa distração que me fascina
quando o resto mostra flecha em arvoredo
e se assim se expõe de bobo em côrte e rima
bem mais vale que igualar ao sono lêdo

E no fim, por que me tomo de assustada
se comum é toda morte e todo pranto?
e se a vida que assumimos não é nada
e se tudo que buscamos é um canto?

Mas narrada essa miséria é bem mais bela
e o teu dom foi pra tornar caro o carvão
e abrir um pouco as grades dessa cela
e aliviar o peso que há num pão

Derradeiro, passo em falso, puro atraso
é qualquer vã tentativa de completa
como, entanto, ver passar como em arraso
e não ir pegar carona nessa reta?

Não despreza dessa forma o que tua vida
resolver te dar em troca de repente
e então percebe só de uma lida
pra não ver ficar a flor tendo a semente

Sei que minha construção não te agrada
bem como o cotidiano que te espera
mas não veja nada a mais onde há nada
e nem minimiza a pista que te cerca"

De onde vem meu sentimento?

"Sabe o que me
encanta, e que
retoma a minha
olhada? Que me
toma e me
outona, e sempre
nasce
imaginada?
nada disso tão concreto...
apenas curva em traço reto.

sábado, abril 30, 2005

De joelhos

"Faço agora uma encomenda que me cabe
quem me traz um dicionário pra saudade?
Que contenha amor em página marcada

E que diga com certeza mesmo em meia
que efeito causa a lua, quando cheia,
em quem só não acha graça no acordar

Que traduza o que imagino mas não posso
e se possível traga a tona o grito nosso
ou então que solucione meus porquês

E se então com tantos limites em pauta
não for visto, ou sequer se note a falta
que encaminhe só pra mim tal desejar

Mas não seja impiedoso e não me cobre
e que entenda esse presente como nobre
pra aliviar meu mar de incertezas"

Soneto sem voto, sem tempo

"Entre um tic, um tac, um clic e um descompasso
multidões mudam de forma e mudam passo
Entre um cloc, um bléin, um blón, uma ressalva
uma nota fica muda e vira pausa

Na verdade um ponteiro é só o início
de uma queda em dominó que se estende
Carregando no caminho quem, de ofício
tome nota e suicide em teu alpendre

Silencia: não eleva a voz ao dono da verdade,
da justiça que aos mensuráveis cabe,
ao algoz da tua sentença escondida

Não abafa: burla o modo como a vida é conduzida
sustentando em cada ombro a euforia
que espera quem alcança tal idade"

Ode ao Inverno

"Fluxo de vento que me toma de assustada
Impulso em movimento que me encosta na murada
Contínuo, segue os dias sem querer saber de mim
E tutor de seu caminho não se importa em ser sem fim

Qual a graça?
Onde está o desvario de ser temido?
Onde mora a exatidão desse assobio?
E onde fica o riso do que não abrigo?

Num casal de namorados, um conhaque, uma lareira
Cobertor com almofada, vinho, música, fogueira"

Só ouça

"Sobremesa antes do almoço, arrepio de corte grosso,
tudo isso lembra o sonho que não tive.

Que vastidão de incompletices..."

Atropelo

"meubemgostodevocêcomogostariadequalqueroutroalgué
mquemeaparecessenesseminguante"

sexta-feira, abril 29, 2005

Redenção

"Sei que só sou morte quando em terço
pois metade é muita coisa e não me cabe
mas como mostrar flor em campo ao vento
se fingindo o livro tranca e não se abre?

Chave-mestra disponível e em espera
já cansada da areia que encobriu
outro tempo, como que em outra esfera
fuso horário estacionado em abril

Quanta falta faz não ter o que não tenho
ou então me contentar com sonolência
não me julgo ainda assim disposta a sê-lo

Mas confesso que aceito se essa vida
resolver presentear com nova festa
e retorno com mais branco e poesia"

Dança Flamenca

"quando o bom é dois,
toda tarde é boa noite e é manhã
e o teu erro vira graça dia depois
e o que quero já se muda pouco assim

e os enganos só esperam tradução
e o teu corpo vive uma febre terçã
e as palavras querem explicar em vão
teu efeito e tua pausa de marfim

e em sossego deixo o ano renascer
e não quero ter semente de romã
nem torcer pra qualquer lírio florescer
quando as horas forem de jardim sem fim"

sábado, abril 23, 2005

Relato de um sonho sonhado

"Sonho etéreo mente leva,
som estéreo me eleva.
Te alegra?

Acha framboesa em pé de vento...

Em andatto vejo quadros
sem andar festejo fatos
Dias natos?

Culpa tua ausência e teu ver lento...

Fim de noite traz piscar
timbre em foice faz rondar
Posso estar?

Diz ser minha essência teu evento..."

Cimentismo Primeiro

......................e.
...................i.
..............s.a.f.
...........o.r.m...
............a.q....
..............u.....
..............e.....
..............a.....
..............s.....
..............s.....
..............u.....
....m.o.q.u......
...a.n.d.o.d.e.....
....i.t.o.e.d.u.....
......r.m.o.......

sexta-feira, abril 22, 2005

Fluxo de Oriente

"Creio na verdade,
que meu bem maior é menor em escala
que minha imensidão cabe nessa sala
e que cada vão tem o meu pesar."

Pó de Harakiri

"Tá aqui toda a minha vida em 4 linhas,
pode se servir.
Quentinha como pão de padaria.
Torne ao sa(ir)."

Hai kai sentimental

"Pra que querer canto,
se um pouquinho já diz tudo
e me invoca tanto?"

quinta-feira, abril 21, 2005

Rotina na Sé

"santa ma(ria) ouviu um lamento
numa uma manhã de terça-feira.
Ouviu o pranto do coitado,
a-notou no caderninho,
e seguiu com sua vida de santa
planando no celestial."

Erro

."deu.....................mafo......
..rmaq..................uete.......
...enga................nasu........
....rgeo..............laps.........
.....odeu..........mada..........
......ma;m.......asqu...........
.......eval......etal............
........suje...itos.............
.........eemv.(i)d..............
........arma..umco.............
.......ncei.......to?n............
......ãote.........enga...........
.....na,m...........oçaf..........
....rági...............il,c.........
...omum..............beij........
..o;nã...................osem...ate.

Joguete

"fantas( m )ia
lábia minha?
- gato mia."

Apelo

"Não vou mais rimar com sonho e fantasia
só com morte e funeral que vento leve
já bastou ter qualquer verso sem folia
olha bem e vê o fraco autor que rege

Minto bem, mas não me vale te enganar
se no choro não me sobra quem conheça
na verdade sou só louco a plagiar
sem um traço de sorriso que apareça

Mas se mesmo em mentira toco o peito
vale a pena restaurar soltura insana?
Só amor pra me levar onde me aceito...

E me olhando como quero que se mostre
e pedindo pra querer mesmo em defeito
Jura agora conduzir com valsa nobre?"

sábado, abril 09, 2005

Sem redoma

"Se você quiser viver no breu que me elevei
Enquanto você se pintava
Mostro em quarto escuro o que pouco a pouco encontrei
Nesse meu ego de folha riscada

Ou vacila em bruma e se conduz numa quebrada
Tira o mar da luz, esconde em sonho mão sem fada

Se você quiser que mostre o chão em que deite
Enquanto você me mudava
Acho um louco negro pra cruzar tua highway
E abrir, com chave, o que se acelerava

Mas não vira muda, leva em caixa uma alma alada
Volta ao dia em luz enquanto busco uma outra entrada

Se eu te soprar minha autoria em conto-rei
No manto em que eu sonhava
Faça de um provérbio o teu bolero onde direi
Que foi sim completa essa chamada

Só não abandona esse teu lado tão de errata
Vira em alquimia brisa pura de alvorada"

Um apelo ao que ainda há de triste

"Sons de carros, buzinas, faróis gritam.
Mulheres lavam as calçadas.

(...)

Meu peito,
que vazio marca cada grama de insatisfação!
Quanta revolta traz cada passo sem direção,
e quanta dor me cobre ao ver minha minimice.

Teu vil traço,
que me aponta a um passado em fio de algodão,
me convence a não parar em frente à multidão
e fracassa ao mostrar por dentro essa mesmice.

(...)

Noites em claro, vizinhas, lençóis ficam.
Doutores passam nossa entrada."

Vigília

"Pronta.
Pisco.
Peso.
Ainda tonta..."

sexta-feira, abril 08, 2005

Efeito cumulativo

"Meu mundo infla em balão de agaê,
onde sou toda a lona de estrada;
mas também bailo alfinete em pliê
pra um dia de libra marcada...

Nessa espuma em que me viro?

Numa idéia aleatória,
num balanço repetido,
em pouco ritmo ensaiado,
num centrismo corroído..."

Bula

"Vivo num turbilhão,onde me faço elástica.
Receita?
Pra abraçar o mundo e depois chorar de cansaço."

sábado, abril 02, 2005

Sopro de cera

"Vôo longe num segundo
e realizo tal desejo
meu e ter de correr mundo
quantos anos não te vejo!
Longe então mas perto agora
te abraço e beijo o queixo
conversamos como outrora
tantas coisas num só beijo!
por fim, hora de ir
quase esqueço por que vim
uma data de alecrim
toda sua pra te rir..."

8ª Dimensidão

"Vagueio; me bandeio pro lado de lá
alavanca em cadeia de impulso
combustível prum solto pensar.
De espera passou à mordaça
já que explora em domínio discreto...
me desloca o centro de massa,
raciocínio em ângulo reto.

Inútil; me elevo na grama de cá
o que antes seria concurso
passa agora à visão nimelar.
Não me serve qualquer cão de caça
se o preço sequer é correto...
esfarela como ao livro, a traça,
assinando sem ser mel concreto."

sexta-feira, março 25, 2005

Desejos de uma ardilha sem fulgor

"Me recuso a te pegar quando pra sair composta
mas aceito ir de pijamas se é pra ser de madrugada
Da mesma forma não te quero num beijo só de rotina imposta
mas devolvo um palmo e meio pra cada fita em grau vazada
Pra mandar cartão postal de um moinho que passou,
rasgo mas guardo
Pra levar daqui a calma que absorve anel robô
atiro mas marco
Quero mais, ocultar por noite adentro
fica mais, me derrama o teu tormento
ouço tudo; e te opino se quiser
ou silencio e te aninho, em busca de ser mais mulher
Se é pra gritar, que seja correndo na grama
pra analisar, só se for lado bom em varanda
Pra ser tudo, transborda meus poros com pólen
deixa mudo, calafrio com tristeza que some
Ri comigo se o hoje é sem jeito
choro surdo e machuco defeito
Canta junto um cordel sem arpejo
e acha em piscar cheiro fresco
Me mostra um Almodóvar em cristal de maresia
e discute daltonismo em palavra e sintonia
Bom dia.
Não me canso, e chego perto, e não sei mais
não acho tarde pra arrancar você de um fá
Vou pactuar com borboleta em véu de fogo
pra me levar pra dentro aí no teu encosto
E ver se vê em vivo amigo um vinho tinto
e saber se vem comigo e o que se passa
Ouvir se pensa nisso tudo e não foi dito
provar sem te saber furor de graça"

*Gostou? Concorda? Tá...casa comigo então?

Tudo numa coisa só

"Brasiliana io am
Solamente uma crazy procurando il venti del cuore
Maya."

quinta-feira, março 24, 2005

MEU PSENESRTE

"NÃO PSOSO TE FLAAR DO AOMR QUE SNTIO
JÁ QUE TDUO É RSRTEGINIDO E PDOE NÃO SAOR BEM
MAS PSOSO TE MSTROAS QUE NÃO ME MTINO
QNADUO AHCO DE VRADEDE QUE A PIXAÃO VAI MIAS AELM
SE UM DIA EVELRMOAS NAOMSTO
ATÉ O PNOTO EM QUE NÃO SJEA SJUO OU FIEO O AORDAR
EU CNATO NSOSA HOTSIRIA PRO FTURUO
ODNE UM HNIO QUE EOCAEM VATNODE DE AGIAMR"

Fim de festa

"Foi bom ter fugido da praça
correu minha vez de sossego
estado de graça?
Miro a rota mas ando em placebo
só desvio do óbvio que quero
carência de apego?
Surge montado na aurora
o que foi, vêm e cega:
certidão crua em guerra"

Sou-ô

"todo o mundo num galho de figo
sou pontinho num ramo de trigo"

Gatilho de idéia de loucos

"Pára, quero subir
no carrossel eterno sem parar
parada brusca só numa estação
que cada qual decide por saltar
sem ar então

Corre, quero alcançar
puxa e em neblina cego a tatear
não quero ver se avanço em contra-mão
sentir tal brisa já é meu calar
qual mar em chão

Volta, se quer olhar
se você pensa idealizar
talvez a idéia seja de antemão
gatilho frágil louco em atirar
está na mão."

Piro-mentira, Psi-futuro

"Quando dentro de casa o sapo não desvira
olha pela porta e uma pedra torna bruma
tira venda e re-conhece o que sempre esteve ali
sem castelo só um poste observando pela rua

Quis lábio, ceguei pra língua
um cordel rebobina?

(...)

sou verso sem rima melhor que ela em parnasiana."

Auto-piedade

"Vou eu mesma me cantar
e fingir contentar com tão pouco
vou criar mil dizeres pra dar
e inspirar num barril de sufoco
Afogar?
não até que não me faça ouvir
Levantar?
só se for pra mostrar sol em mí
Não tem só o vazio externo que se pensa
bem mais rasa que qualquer vil aparência
no escuro, mais paredes que as só seis.
(...)
viro num mês"

Cartela Completa

"Primeiro o ponto, depois a curva;
Deu na mesma."

Pílula XIX

"que linha é essa que divide rios diferentes?
de papel."

Falso Moralismo

"Por que não negar em partes
pra aceitar uma melhora?
Quanta hipocrisia."

Título o Marmelo!

"Vai lá, sem medo, pode ir que eu te prometo
vou tentar me segurar pra não jogar você daqui
se quiser me grita agora que eu vou ver se já te vejo
e acompanho só seguindo, sem andar, aquela esquina
Mora em olho essa menina; inquilina que eu invejo
vou pagar teu aluguel pra você ceder uns dias
e emprestar esse colchão de capim leve que te deita
sem dormir...sem dormir...
e acordar de um sono louco só pra ver se você deixa
sem sair...sem sair...
e decorar tua rotina embebida em chá de menta
mas cala assim, não cola em mim,
olha o dia que morreu
pra querer ser gelo em gin
diz por que te acometeu
não vem mais, não vai mais
agora dorme...
corre atrás, corre a mais,
e vê se some"

Enquadro em Quadros

"Folha pisada no chão de concreto
é descaso comigo
Cara virada e atenção na varanda
é doer sem motivo
Dar não pro dia e sim pro rebelde
é viver sem sentido
Cola já gasta grudando buraco
é querer ser teu vício"

CFICENMAEINTTE MSANGEEM

"QREUO QUE SUA POSESA EDNTENA
O QUE MHINA CSUFNOÃO GIRTA
QNAUDO NÃO QREUO FLAAR
DXEIE PRA DIOEPS O QUE É ICRETNO
QUE O ERDARO É MONES TROTO
SE A IEDÍA É DE LAVER
EU SEI E VCOÊ SBAE QUE DIRAA
SE EM ASACO ALUGM DIA
NSOSO CMIHNAO CZARUR
POR QUE NÃO PDOE SER BEM LGOO AROGA
SE O QUE IDEMPE ATÉ OTRUORA,
MÊS ARTÁS NÃO ETISIXA?"

Auto da Humanidade

Ato I

"Antes do submundo por que haveria o alto?
Não existe amor sem ódio, nem claridade sem breu
Falsa é toda barroquice, a verdade exponho em auto
Te mantenho assim desperto sem acordo com Orfeu
Civilização perfeita não pode passar de unidade
O poder cega o leproso assim como o paladino
Harmonia só resiste até quando ainda há vale
E a trupe unida e paga entretém o trono à vinho
Mas bebida querem todos, porque contentar com destino?
Cresce em ventre ocioso o feto podre da vingança
Já maduro angaria palitos de chumbo albino
Rouba espadas travestidas para inclinar balança"

Ato II

"Corre solta chama ardente da notícia em sub-pano
Na reflexão tardia cada qual pende vil face
Sabe o trono o que virá, en sem ter plano
Limpa sem fazer esforço a sujeira que há na base
Como líder lutados surge Gabriel em cena
Chance dúbia mostra o peito que protege sem escudo
Decisões por conta própria sem ver a mão que coordena
Encabeça moto e encaminha grupo mudo
Equilíbrio de mandato torna peleja acirrada
Quando torta para um lado, logo volta horizontal
A luta é finda criando mundos opostos em lata
Olhos furados são castigo, traz cegueira coloidal"

Ato III

"Bem como sal e gelo, asas tocam o que é escuro
Projeções desesperadas de um gárgula que tateia
Um império do pó nasce onde sangue só há puro
Nos vãos lava que escorre, no centro dor que incendeia
Supervisiona o rebanho um lord marcado à ferro
A vergonha superada pela cr4ença que há em mente
Por dentro da carne a ausência do que e e belo
E o olhar inexistente que o vôo mira em frente
Forjadas as armas quentes, põe-se em fila vasto bando
De um lado o medo de encerra, do outro já infla e levita
Encorajam frente à mortenum só coro alto canto
Os dias passados se foramo que ao ódio facilita"

Ato IV

"A guerrilha é segunda, mas os lados se extenderam
Negritude se mistura à cada branco que invade
Cinza rouco cobre o tempo num espaço que perderam
Morte em milhões de altares manda que o céu se cale
O destino de quem fracassa mistura sórdidos sabores
Em caldeirão que fulgura elimina a lembrança
No novo chão que renasce sob a forma deça
Berço pronto e situado entre inferno e paraíso
Lança as regras vencedor, mas quem perde já palpita
Acordo selado e cumprido, só falta nome e juízo
Da escória de uma rixa nasce o homem, Terra habita"

Colante Amarelado

"Você é o seminário onde mato a saudade de Mafra,
e o licorzinho branco que ainda não faziam.
Kuka de Amarula?"

Hum

"Antes de te falar pensei castelo
falei, e comprei trinta tijolos
Linha do XX?Trava.
E amanha?E em quatro?
Hum.
Traz as plantas?"

Cimentismo

"Chuva na janela faz travesseiro gritar
De mil léguas chega a falta, a grade aberta, o descampado

Luva!!!

Gota cai, bate, repica
pedra salta à lança albina

Luva!!!

Ensaboa, polonesa, essa virada
No reflexo da bolha uma virada

Luva!!!

Raio na flanela longe aqui vem bracejar
pega a mão do analfabeto e te mostra outro traçado

Dedos."

Pílula XVIII

"Ainda não tenho o siso.
e se o danado me teimar aparecer,
mato de pancada ligeira"

Espiral

"Em importância sou prato raso
mas cartola sem fundo em orgulho
dilacera no campo a questão
entro o macro e o micro em outubro

Inflo a tez para o auto que sigo
me mentindo em tentar ser alguém
quando o fim mostra mais grão de pó
com agulha me pagam refém

Se o ser e o seguir são só meus
e não posso driblar lantejoula
de que vale tentar brincar deus?

E se resta qualquer moça adulta
a querer sorvetar pela praça,
que se faça pra nunca tal luta"

Pílula XVII

"Quero bala geladinha
pra matar ansiedade
põe em água-maria a laranja
e de lá tira gás de criança"

sábado, março 12, 2005

Frevo de sinestesia

"Se meu azul for teu verde,
e teu branco o meu vermelho,
Como vou cantar meu samba
Colorido e de bueiro?

Sendo roxo meu amor,
e azul cor de seguro,
Que cheiro pode ter amarelo
se não for de azedo puro?

Mas sendo tua vida rosada
e adocicada a guinada,
Concordo com teu kiwi cor-de-palha
mas pra mim quero lilás de alvorada"

*meu lilás sempre vai ter cheiro de lavanda*

Me-editação

"Baila comigo, crossword de arandela
me diz ser só essa noite sempre tua cinderela
juro às seis voltar pra casa, pro meu mundo paralelo
seis do três do ano dez mil, se eu sumir com o Universo

Vou eternizar você nos meus versos de aquarela
e ressuscitar o vivo louco amor dessa novela
desatar os nós que ainda não existem no novelo
infiltrar em cada grão teu toque plasma por inteiro

Me ama comigo, engana a bala de respeito
me levo contigo, se é que há volta ou qualquer jeito
de subir pro céu de cima outro anjo por direito
bolo um plano de alquimia pra realizar tal feito"

Encomenda particular de votos simples de pré-futuro

"Vai menestrél, poetar cada vão de louça
preencher com flor a tua andança
que o barão do tempo iniciou

Vai, mas carrega na mala a lembrança
a memória de fio de balança
que o teu picadeiro mostrou

Voa longe, mas marca o caminho
segue em bando mas sempre sozinho
traz de volta o deixado pra trás

E assim, quando o fruto for doce
volta ao verde, mas não mate à foice
e no chão cospe o amargo que fica

Guarda bem cada peão do jogo
pra mais tarde voltar e ler, rouco
e ver quantos em rei transformou

Deixo assim cada voto de apreço
e uma prece que vento te leve
onde for que pertença o teu verso

E que faça de sol ventania
que transforme em mel luz de dia
ou de amor tire breve cantar

Bote em faces sorrisos discretos
de quem antes perdeu todo afeto
e não tinha à que recorrer

Seja leve, tranquilo e sereno
mesmo quando deitado sem feno
não tiver o que te merecia

E entende que não é qualquer
que enxerga além do viés
harmonia na festa das letras

Mesmo quando cansado da trilha
estiver, ou quiser ter partilha
lembra o louco que ri de bobagem

Tira dele e de cada descida
combustível pra ter na subida
e armazena com água-de-cheiro

Vê no espelho raio de fundura
sem deixar de lado ré ternura
e aninha estampado na cara

E embrulha e me manda de volta
o furor que te bater à porta
quando o mundo quiser ler você

Já que o ponto que foi de partida
do trajeto, até então de ida
não cabe no que há de crescer"

*ah queria ter feito mais...mas ia virar um jogral mega-modernizado=P*

sexta-feira, março 11, 2005

Verde, Manzanilla

"E em meio à formigueiro pude achar um vegetal
Cor de céu em dia limpo e cheiro de gelo em cristal
Se se esconde, logo surge, com um riso em cada mão
Um presente escondido, um mar, um vinho, uma canção

Melodia sem dor pronta que se faz ouvir no dia
Segurança em bermudas e paralisia fria
Avalanche de tormenta que ecoa nos sentidos
Pedra bruta e lapidada que escorre sem zumbidos

Quê de louco, farto, insano
Mesmo quando em briedade
Dorme calmo em metro e pano

Encomenda entregue e pronta
E em cada verso feito
Pouco de você se encontra"

*choro mesmo*

Ciranda de roda

"Saci-pererê, saci-pererê,
você não me vê,
não vou na rua por você,
volte o dez, vêm cá, me dê!
(...)
Gargalhada milhar"

Pílula Matemática

"Até que ponto vale a pena
trocar 6 por 1/2 dúzia?
Malé haver o 12"

Engordando 20kg

"Entre mero sim e não, dominó de consequências
entre vem e vai embora, extenso rio de incongruência
cada abismo o verde-musgo de um atalho só perdido
cada rastro um rosa surdo do que foi em desafio

Uma decisão tomada modifica itinerário
invés de lobo-guará, borboleta em relicário
no lugar de folha seca, cogumelo alucinógeno
por um lado, cura em gotas, pelo fundo, amor destrógiro.

Cansei de pensar:
pulo e plano"

*danem-se os neologismos conhecidos*

Vingança

"Branca de Neve,
aparece e eu te enforco!
Fútil.
E me fez sonhar com príncipe encantado."

R-emoção

"A foto na parede e os olhinhos de menina
a grama tão gigante, a estátua de leão
o arbusto que espetava, e a mexerica e as canetinhas.
Meu deus, quanta memória...
e eu nem sabia que ia ser promovida à maluquinha!"

A tempo, a Explicação

"Nasci mulher;
Me desculpe, só sei dançar"

*e colorir*

Pílula XVI

"Se eu chorar você me ri?
Suicido em teu conforto."

sábado, março 05, 2005

Tela preta

"Quero contar cada compasso dançado sem você
Todo sorriso pela metade e jantar sem sal nem suco
Pra comparar com o que você fez, menestrél de cinema russo
Pôr ao lado do avesso de bordel e beco imundo

E depois? E então?
Sinto muito. Estamos em horário nobre,
E nem toda criança sabe conviver com o abraço"

Imagens de paisagem sem calor

"Minha saudade é pó de sonho,
Areia fina que cega os olhos
E entra em cada narina.
Uma viga estreita e longa,
Onde abaixo um rio aponta
E mera brisa faz balançar.
Pomar sortido só de macieira
Cada tronco, uma bobeira
Um canto, um sopro um deslizar."

Pílula XV

"Agora conheço cada vão, fresta e canto do meu teto.
Sei dizer metragem de paredes, cor de chão e até textura.
Posso descrever sorriso meu no escuro, mesmo sem espelho:
Ficou desenhado no reflexo dos dias que foram e virão"

sexta-feira, março 04, 2005

Pílula XIV

"Hoje sou só vertigem, enjôo, naufrágio.
Viagem?
Sim. Mas nas curvas das minhas entranhas."

Meu recado.Meu pecado?

"Sou eu mesma quando grito e escandalizo
Maria, Amélia, mais mil faces num sorriso
Então berro, sento em peitoral de varanda
Onde vem ramo de lavanda pra levar tão bom recado

Leva já, não se demora, voa agora
Mas carrega com cuidado pois me pus nesse embrulho
E ao chegar, aninha em braço esse adereço
Com a certeza de ser este o peito, o lábio, o endereço

Caso erre, se corrija sem demora,
Pois não quero que em aurora venha outro que não este
E sendo certo, volte e conte na janela
Se o olhar de quem me espera foi de sonho ou de alfazema"

Juramento singelo, sincero

"Como posso ter saudades se não vi,
ou ainda sentir bem com quem não toco?
Ah, vida...que peça me pregou!
Logo eu, tão cheia de mim, assim em foco?
Então te juro, vida traquina, escuta bem
Me rouba isto e te caço tempo afora
Me nega o resto e me faço fauna e flora
Pra morrer e te tirar toda a beleza"

quinta-feira, março 03, 2005

Errata

"Dormi triste,
com o telefonema que não veio.
Que bobagem...não tens meu número!
És o próprio."

Pílula XIII

"Meu desejo mais profundo
é viver sempre slow-motion.
Me acompanha?
Cubro cada noite sua com um arquejo."

Re-começo

"Uma queda não bastou
Uma dor não foi bastante
Pobre alma, errante...
Lá vou de novo."

quarta-feira, março 02, 2005

Conte de fées, Monde féerique, Routinier

"Sou culpada por sonhar sempre com nuvens?
Ingênua em querer mudar juízo e sina?
Não me culpa, quando preciso é de teatro...
E não me julga, quando despencar de cima.

Se de uma palavra faço tijolo,
E de mobília, minuto de atenção,
Não fura meu orgulho com espinho
Nem me conta cada passo dado em vão...

Assim me morro!Do avesso teço um beijo;

Se piso em piso de algodão,
Ou danço valsa sem salão
Se a cada som eu viro sonho
Deixa estar...
Se quer, salva o que ficar

Em meu dia sou fada, pela noite madrugada
Allumeuse só em reino, impossível tempo inteiro...
E ainda idéaliste quando o tempo atrasa e sobra

Que falta?
Monsieur."

terça-feira, março 01, 2005

Pílula Natalina

"Papai-Noel, Papai-Noel...que dó de você!
Quanto peso em julgar a índole de uma criança."

Não tenho intenção de titular

"Minha maior culpa é não ter chorado pela Vó Nena.
E tem a santa, que me dói e me protege.
Nossa Senhora da Saúde, como pedi e ela deu.
Domingo vi um crochê que ela fez...
Passei entre os dedos...como a sentir ela ali.
Como se visse a velhinha lá embaixo, perna cruzada, a crochetar.
Paula, lembra da tesoura virada?Do "psiu"?Da moto flutuante?
Como a vida prega peças. Deve estar de mal de mim.
Até a Paula está longe. Como dói!
Vida, dá o dedinho?
Juro ser mais boazinha."

*ela não quis fazer as pazes...e se eu chorar?*

Licorzinho, licorzinho...que saudade!!!

"Hoje falei com a vó Teresa
ela me deu um abraço apertado de vó...
Sonho, só assim pra ser agora.....
Vó Teresa se foi,
E com ela enterrei muitas lembranças de infância.
Senti o coração apertado...a primeira revolta séria da minha meninice.
Gritei. Chorei, aproveitei meu direito da idade.
Cada gota expulsava um bom momento...
Primeiro o licorzinho. O gasosão vermelho. As bonecas de relógio.
Por último, a imagem da vó cuidando do jardim tão mimoso, como bem lembro.
Agora só em sonho, lembrança, álbum de fotos.
E quando ela, sempre ela, me receber nos portões do céu."

*agora fiquei triste*

Droga de conceito

"Fui dormir, vi um corpo à minha espera
fecho os olhos, reabro, pisco forte:
e o danado ainda lá, e com jeito de quem reza!
Me diz que é o diabo, fica se´rio quando rui.
Mas quem ia acreditas, inda mais se tem juízo?
Me promete o que só vejo em sonho.
que mal há em fazer trato com o demônio?
Paro. Penso. Calo.
Em pensamento xingo toda a humanidade.
Recusei.
Malditos filmes de terror!"

*até no que eu não enxergo...*

Pílula XII

"Hoje estou feliz;
não faço poesia: eu a vivo.
Não sou gramática...
Sou só mulher"

segunda-feira, fevereiro 28, 2005

Som da revolta, ar de traquina, alma sem volta

"Meia noite almocei,
por que estranha?
Tive frio, me unhei,
me traz quem ama!
Não quero me acabar como gelo ou dia,
Temo ter que precisar de companhia
Ao dormir quero sonhar mas rolo e fico
Abro os olhos me imagino em contraste
Quando vejo ja passou-se tanto tempo
Quase dia, céu se expõe pro sol que nasce...
E se eu dormir?Nunca acordar?Fingir sair?
Quero que morram os que agem sem vontade.
Quero que explodam cada grama de humildade.
Quero sumir com cada gesto de bondade.
Vou permitir somente os gênios de verdade...
E por favor não me odeie por isso."

Sonho sonhado, dia deixado

"Bala, me embala, repara no meu vestido
revestido em laranjeira, pára e pula essa rasteira
Deita, me enfeita, traz um grão de cafeína
vespertina já se ia quando a folha revoôu;
Deito em meu leito rejeito o sono que sonda
sombra mexe, me assombra, leva embora, leve, leve!
Leve, releve, revele o que se esconde,
alto monte já cantava quando o sol se levantou;
dia voou...
Alta lua já se via, baixa maré se encolhia
pouco amor como andorinha seguiu bando e chão deixou.
Quarto chorou..."

Pílula XI

"As visitas não querem saber
as visitas demoram pra ir
as visitas só vem pra comer
beber, jogar, dormir.
Vassoura na porta:se foram.
...
Grilos. Silêncio. Calmaria.
...
Como viver sozinho?"

*tô me sentindo sozinha*

Pílula X

"Janeiro tem jeito de chuva
mas sola.
Riacho tem cheiro que seca
mas molha.
Eu?
Tenho quê de anjo.
Mas morro."

*tum-tsch-dum*

quinta-feira, fevereiro 24, 2005

Resposta à altura

"só poeta co-responde
com andatto outro poeta
mesmo o corpo estando longe
mente ágil, vento leva
recupera, vem de onde?
ouve lingua universal
mesmo quando um texto esconde
de quem toca, vêm aval
agradeço...reconheço...
enlouqueço com a missão
atingi quem no começo
tencionei tocar sem mão"

*com incentivo tudo flui*

quarta-feira, fevereiro 23, 2005

Pílula Psico-Gastronômica

"Você sonha colorido?
Com fala, gesto e ruído?
Não mesmo...com alguns é assim.
Sua vida deve ser muito um chão partido:
Falta sal, rum, gergelim..."

Confissão

"A chuva vem terra lavar;
Num choro eu vi tua mão.
O céu vai do chão ao luar;
Num livro busquei solidão...
O abraço quer ombro encontrar.
Pensei ter perdido num vão...
Se durmo, tenciono sonhar
Do amor, só resta limão
Confissão.
No ar, confusão.
Dormi no pomar"

*leave your message after bip*

Pílula Mobília

"Quis ser sala, varanda, quintal,
Tentei ser quarto, cozinha, lavabo,
Não adianta: sem você sou só corredor"

*repetindo:não estou apaixonada*

Pílula Noturna

"Como pode arbusto esconder parte de lua?
Tudo tem grandeza;
e o pequeno pode crescer aos olhos"

*não tô apaixonada não*

segunda-feira, fevereiro 21, 2005

Mais Buracos de Minhoca

"Tarde vazia; fui desenhar na calçada
Com carvão, tijolo de construção, construí fantas-morada;
Já tenho um chão. Paredes. Falta teto?
Não! Quero que chova!

Dia de nuvem; vou vender soda na rua
Tenho placa, gelo e limão: vesti a calçada nua;
Ganhei moedas. Trocados. Faltam notas?
Nao! Quero silêncio!

Como quis, choveu, lavou tijolo;
Como quis, aquietou. E agora?
Vou ver se morro."

*Quando acho que consigo expressar o que quero releio e não entendo nada*

Receita pra um dia chato de Sol

"Joga sal, açúcar e farinha, e vêm misturar na canção.
Junta água, calor e Ana Maria, mexe até desgrudar da mão.
Leva ao vento, num dia de chuva fina, deixa até virar carvão.
Serve em pouca cuia amaralina, em bandeja de algodão."

*Nunca viu chover em dia de Sol não? Nunca foi em casamento de viúva, nem de espanhol?*
**Se é pra xingar sempre que lê, porque me visita?Não tem ninguém te obrigando.**

domingo, fevereiro 20, 2005

O Milagre do Vinho Modificado

"Chorei quando a dor chegou às mãos.
Gritei, e ouvi meu eco no escuro.
Vi a gota cair, tinta em red,
Manchando o tapete da sala.
Pingou trilha rubra em neve branca.
O mar não é mais biscoitão: É cabidela."

*Vou no bar pedir uma dose. Eles servem Lexotan?*

Um Anjo, um Banjo, um Bife.

"Conheci um anjo de duas asas.
Não tinha muita cara de anjo, a não ser pelos olhos claros.
Não usava uma camisola, mas jeans e all star.
Chorava, um choro silencioso de arrependimento,
Pois teve as asas cortadas.
Estranho.
Me fez lembrar minha infância."

*EU SEI que não falei nada sobre banjo e menos ainda sobre bife. E problema seu se você não entendeu. Não entendeu porque não quis, pensa um pouco e você chega lá...viu só?Não foi tão difícil né^^*

terça-feira, fevereiro 15, 2005

Pílula IX

"Serão lágrimas vindas de poços ou lagoas?
Não. Poços secam, lagoas findam.
Lágrimas são eternas."

*Tá olhando o quê?Nunca ficou triste seu tonto?Humpf.*

segunda-feira, fevereiro 14, 2005

Um filme, um vídeo, um verso

"Morri num sol de fim de tarde,
Abri o abraço à construção
Gritei em silêncio à tempestade
Que aguasse à tinta vil borrão.

Num segundo tudo coube de repente;
Um instante que abrigou toda lembrança
Como criança, vi estendidos no tapete
Cada vírgula da minha vã andança.

A última página do meu livro é folha branca;
A última nota da partitura é uma pausa;
O último passo dessa dança é de estátua;
O fundo do velório é uma valsa.

Os olhares que dirijo estão mudos.
As palavras que repito são vazias.
Meus abraços só encontram puro muro;
Beijo espelho só pra ver que tenho em troca.

E prendendo os ouvintes,
Nos créditos finais,
Depois dos agradecimentos,
Uma nota: Baseado em fatos reais."

*Porque tem dias que o céu não é azul o.O*

domingo, fevereiro 13, 2005

Círculo Vicioso, Viciado

"Pra ser eterno, te preciso;
pra ser conciso, com letras mato;
pra ser exato, coloco um bolero;
pra ser sincero, faço um alarde;
pra ser verdade, mentiras num mito;
pra ser bonito, te ponho um anel;
pra ser cruel? Colo materno."

*Preciso trabalhar*

Teoria do Caos Adaptada

"Se eu não tivesse partido,
Se não tivesse afastado,
Se não fosse descabido,
Se tivesse despertado...

Se antes tivesse dito,
Se uma pancada bastasse,
Se tivesse conhecido,
Se o dia se arrastasse...

Se tivesse mais coragem,
Se movesse a engranagem,
Se não fosse inconsequente,
Se nascesse mais prudente...

Talvez fosse livre em crescer.
Talvez respeitasse o querer.
Talvez não te visse morrer.
Talvez eu não deva saber."

*Sim, eu AMO a teoria do caos. Não tem como não pirar*

Pílula VIII

"De pomba à morcego,
Legítima defesa"

*Não entendeu?Problema seu.*

Resumo da Ópera

"Estique a vida até uma linha.
quantos braços são precisos?
Com feijões, marque o caminho.
quantos grãos já viajei?
Trace o mapa em azulejo.
giz-de-cera ou hidrocor?
Sopre beijos, realejo;
pra cada vento um sabor"

*surtei mesmo*

sábado, fevereiro 12, 2005

MetamorFASES

"Essa música, sim, essa música!
Que a meus olhos consegue tocar com encanto.
Sim, aos olhos, pois aos ouvidos qualquer faz.
Notas de um 4:4 singelo e orgulhoso.
Shhh...silêncio agora!
(...)
O clarinete me soa como punhal.
A flauta doce me amarga a garganta.
Sou um Midas, mas ao reverso:
Tudo que sonho abafa.
Shhh...silêncio, como outrora!
(...)
Ah, vida esperta, vida ligeira!
Que das belas artes faz marchas fúnebres.
Tão simples tirar dos tons as melodias!
Tão fácil roubar dos sons as sintonias!
Tão triste matar do peito as alegrias...
Shhh...silêncio, vou embora."

*juro que não bebi*

Pílula sem número

"Porque o sangue-com-osso
Beira o água-com-açúcar?
Entendo porque não agrado.
Sou hortelã-com-fantasia"

*a tia do laboratório pôs algo naquela agulha*

quarta-feira, fevereiro 09, 2005

Resumo

"O QUÊ?!NEM MORTA!
...
Hum...Tá bom."

*incrível como três frases definem uma pessoa*
**sim, ... consituem uma frase pra mim**

Pílula VII

"Não sou de vidro, pode abraçar
Você me pega mas com medo de quebrar"

terça-feira, fevereiro 08, 2005

Pílula sem nexo

"Minha vida deve estar mesmo um caos;
sonhei com um buraco de minhoca,
e agora ouço vozes"

*???*

Pílula VI

"De ponta-cabeça,
até vesgo é padrão de beleza"

*lixo?e se embaixo tivesse escrito Carlos Drummond de Andrade, ficaria melhor?*

**pega uma foto tua e observa de ponta-cabeça. entendeu agora?**

Uma idéia aleatória bem besta

"Há tempos a Terra foi plana, sustentada por quatro elefantes
Mas os ponteiros trabalham sem cessar, e os tempos são outros
Habitamos um globo, que rodopia sobre o nariz de uma foca.
Divertimos o picadeiro.
Os deuses nos aplaudem sob a lona do Universo.
Enquanto isso, uma criança dorme, sonhando com uma roupa de bailarina."

*se eu nao me conhecesse diria dei uns pics na veia pra escrever isso. que nada a ver*

Pílula V

"Que cola
cola coração?
carro sem freio-de-mão?"

*mail me if you know it*

Pílula IV

"Cruza seus dedos nos meus
as mãos viram ponte entre América e África"

Pílula III

"Quem sabe e decide o que é justo ou injusto?
A maioria?
A maioria passa fome"

Lifeless

"(alarm clock rings)

Cup of coffee, toothpaste and toothbrush
Who's there in the mirror, looking at you?
Cash, sunglasses, key, gotta rush
Where will my legs guide me to?

I hear cars passing, people talking about the news
I just don't see them
Women wait for the traffic lights to go green
I can recognize myself in them

Lost on the rails of my illusion
Without you I survive, but I don't live
Your touch, my fuel, is far away
My heart is tired, he wants to give
and give up"

o.o.o.o.o.o

"Volta...
Volta...
Volta...
Mundo, dá uma volta
Pra ver se tudo volta
Pra ver se o tempo volta
Pra ver se o amor vêm
de volta"

*no papel eu inseri num círculo, aqui não deu. então imaginem*

Morbid, act 1

"Travelling on the alter space of my mind I can see
past and future fuse, leaving present aside
on the traffic of the blood in my vein, hear the pain
there's a system controling my acts

Walking on a dynamic street, feel so weak
sweet wind blows in my face
driving crazily in a highway, in both ways
there's a system controling my acts

A blind puppet with non-stopping dancing shoes
I'm a prisioner of my own body
Locked down by someone who makes the rules
Trying to scream and call somebody"

Covering me

"I don't have the need of being sure, all this is past
even I can't understand my thoughts
They always seem to be running so fast
I can barely see them going, they simply pass

The world keeps spinning around
to live your life, full gas
you've got to turn around with it

Sunrise betrays me every morning, I see it
Wispering a promise that just doesn't work
"New day, new life"; so I spend my days
Waiting for the night that comes to cover me

I dreamt I was running on wheat shields.
Slow motion.

(Child voice)
-Hi. Have you come to rescue me?"

Pílula II

"Não venha me falar, continue a bordar seu tecido
Enovelado de amar, pontos de traição tão temidos"

*se alguém entender por favor me explique*

Show?

"A vida é meu palco
só me falta uma platéia consciente do que faço
de que vale atuar pra quem paga pra assistir?
prefiro o fator surpresa, revelado a quem não fugir
a quem corre, mostro aos poucos, pois prefiro que descubram sozinhos
isso sim faz parte do meu show

Minha mente é meu script
só me falta um revisor imparcial que a julgue convincente
que adianta relermos o que já foi escrito anteriormente?
prefiro o improviso. Cena tecida de modo interativo.
a quem repete linhas, mudo as falas, pois quero que se questionem
isso sim faz parte do meu show

Meu pulsar é minha melodia
só me falta maestro gentil para ordenar meus movimentos
que adianta dançarmos uma mecânica que não sentimos, sonolentos?
prefiro o deixar levar, corpo liberto, a alma a guiar
a quem imita gestos, escondo as sapatilhas, pois mais vale dançarem conforme outra música
isso sim faz parte do meu show

E o show tem que seguir"

*será?*

Seria ótimo se fizesse a diferença

"Nos jornais, notícias de guerra
alguém vivo se importa de verdade?
por um segundo, param e pensam
desligam a TV e caminham pela cidade

O perigo a cada esquina
um sinal fechado pode ser sinônimo de morte
como o mal mora longe e não nos atinge
jogamos pôquer enfrentando a própria sorte

Pra tocar a consciência, só se a foice bater à porta
escapamos por um triz e dizemos ser coincidência
por sentido ou por instindo, desviamos pra outra rota
nos vendamos, amordaçados, num semi estado de demência

Reticências, reticências, reticências
e tudo começa outra vez
nos fechamos, num gesto cortês
como saída, a embriaguez

Eu pergunto se nisso há sentido
ver crianças com a vida ceifada
mães perdidas, chorando caladas
e indiferentes, virarmos a página"

*esse sinceramente acho uma bela porcaria*

Rito de uma Lua Minguante

"Se aproxima uma mulher que desconheço
em volta da fogueira ouço gritos
branca, cabelos ruivos:me entorpeço
diz pra me jogar e fundir os ritos.
Sussurra, mas seu lábio não se move
Diz "acabe com isso; mate o tempo, que corre"
O fogo pode findar a dor,
fumegando lampejos de mais dor.
É esse o único caminho?Não há outra trilha a seguir?
Esse é o nosso mundo. Cada ser é um faquir.
Pule no fogo, ele extingue a dor com mais tristeza
Amanhã tudo nasce melhor, basta destreza
Passando pelo portal os problemas serão outros;
outras dores. Não faz mal. Durmo e sonho.
Acabe tudo. Pule. Queime.
É tudo um jogo, um teste, um game?
Reúno um álbum com fotografias de lástimas
Expressões variadas de dor, sangue, morte e lágrimas.
Em cada face, olhos de quem matei.
Almas roubadas, reflexos partidos: tentativas frustradas de quem tive e não amei."

*acho que sei o que vou jogar no fogo*
"Acendo um cigarro pra ver se o tempo passa,
alivio o pensamento com uma música sem graça
finjo descaso, me concentro num trago
corrôo o estrago com a fumaça que solto

Te vejo ir embora pela porta que abri
Luto contra e perco a briga, te imploro pra não ir

Porque eu não posso te ver ir sem te puxar
Mesmo que você solte a minha mão
Não posso te ver tentar fechar os olhos,
Quero abri-los, sem saber qual a razão
Se tenho direito?Não sei, de verdade
Mas ouço sem você vozes de outra realidade

"Boa noite, meu anjinho" é o que escuto
1000 "te amo"s de 1000 modos diferentes
Mas as bocas que assim falam são as erradas
Procuro a sua, não encontro: ouço calada

Madrugadas em volta é o que peço de volta
Sair pra trabalhar e te encontrar na minha porta"

*acho que ando assistindo muita novela*

Sátira para um sonho besta

"Se o amo?
Sim!Por toda a vida,
até a eternidade,
até que o sol se torne negro
e os mares cubram a cidade.
Quero filhos, pelo menos quatro
Para piqueniques aos domingos e aos sábados, teatro.
O amei desde que meus olhos pousaram nos seus
e sei que em outras vidas nos cruzamos, e demos adeus.
Quem? Não, não é esse. Esse era o meu amor de ontem.
Hoje é outro.
E hoje meu nome é Lídia."

*nada mais tonto*

Forca

"Me agarro à garra viva, minha garganta espreme:

- O tempo me enforca!

(...)

Cada minuto é um algoz"

Relato de uma Drogada

"Sóbria, sofro um surto sem sentido
Meus sentidos, atentos a tudo, me tornam séria
Tem momentos que a beleza de mimfoge
Então cega, surda e muda, nada me resta

Se me altero, rio a toa, sinto a brisa
Nesse estado fujo da realidade
Sem controle, todo ato é imprevisível
Mundo louco, nem o céu é de verdade

O tempo se arrasta, vivo em outra dimensão
Tudo é dito sem passar por revisão
Mas como onda, muitas vezes o efeito passa
E fico dias sob efeito da ressaca

-Qual a cura pro meu vício de amar?"

Poema pílula

"Meu verso pinga sangue, fede morte, exala mentira
Mas quem lê, vê flor ingênua.

-Tudo tão claro, tudo tão simples!"

*muitas vezes nem eu entendo o que quero dizer*

Mais um sem título

"ela vem, ela vê, ela volta
traz de volta a memória de alguém
ela lembra, ela crê, senta e chora
da lembrança se torna refém

A criança e a mãe, ambas vítimas
de um acaso que era pra ser
tudo certo, mas na hora errada
linhas tortas, destino por ler

Um porquê que ficou sem resposta
ela espera a outra entrar pela porta
cama pronta, mesa sempre posta

Não tem volta, pertence ao passado
fica a culpa de ser tudo errado
seu bebê pela morte marcado"

*Aviso que muitas das minhas coisas não tem título*
"vem, venta, ventania
cor, corre, correria
mar, maré, maresia
cor,corte, cortesia

aumento, invento, remendo meu verso
desminto o que sinto fingindo sentir
me escondo em escombro e me mostro sem rosto
releio em assombro o que finjo que gosto

anseio em meu seio teu sono sorrir
me acabo em tormento, a alma a partir
desconto num conto(ou verso?)o reverso
relato, de fato, um perfeito existir

me meto, metonpimia
vi vidrar, vidraria
ex existe: existiria
vis, visto, vistoria"

*estou entupindo aqui com as minhas coisas, mas não sossego enquanto não terminar. nem que seja pra organizar minhas idéias pra mim mesma.*

**ainda ao som de Boa-Noite**

Tanto por Tão Pouco

"Tanto por tão pouco
rouco
grito como em sufoco
(eu) sufoco
foco meus olhos negros
no espelho
cedo padece o velho

Cada fim de estação faz nascer nova esperança
Mas o término do verão mostra sempre a mesma dança
Trocamos as raízes por votos falsos de vida eterna
Destinados a aprendizes de uma fogo fátuo que não liberta

Nem tanto por tão pouco
tampouco
louco por pouco muito
minto
sinto o saber sozinho
finjo
tinto me desce o vinho

Cada fim de estação faz nascer nova esperança
Mas o término do verão mostra sempre a mesma dança

(silêncio de 4 seg)

Tanto por tão pouco
um morto
morro o vazio de um surdo
(ou mudo?)
mudo de direção
sem ação
aciono minha contra-mão

Tanto por tão pouco
(estou) solto
salto ao sabor do vento
que invento
tento mudar o rumo
me assumo
sumo com essa idéia"

Aí mais uma minha...

*ao som de Boa-Noite*

Estréia?

"Fiquei, flor cortada esperando dono
(sem espinho nem nada);
Virei madrugada.

Uma tarde pode ser lembrada por muito teto de relógio mastigado."